Especialista cita as possibilidades para instalação da estrutura em complexos habitacionais que pretendem aderir à tendência
Com o crescimento exponencial do mercado de carros elétricos no Brasil, surge uma questão crucial para os condomínios: a instalação de carregadores para esses automóveis. A demanda por soluções de carregamento seguras e acessíveis dentro de condomínios é cada vez mais evidente, mas muitas dúvidas ainda permeiam essa discussão.
Segundo a Associação Brasileira do Veículo Elétrico, o primeiro trimestre de 2024 registrou um aumento de 145% nas vendas de veículos leves eletrificados em comparação ao mesmo período do ano anterior. De janeiro a março, as vendas chegaram a mais de 36 mil unidades. Esse crescimento expressivo reflete uma mudança crescente na mentalidade dos consumidores em direção à mobilidade sustentável.
Empreendimentos de alto padrão e com foco em sustentabilidade, hoje, já são entregues com vagas preparadas para a recarga de carros elétricos. Da mesma forma, a maioria dos novos lançamentos do mercado imobiliário, mesmo que não tenham esse equipamento pronto, já contam com uma infraestrutura para a instalação de carregadores.
No entanto, condomínios antigos, que pretendem aderir à tendência, devem estar atentos às normas e às exigências que viabilizam essa mudança. Segundo Michel Levandoski, engenheiro eletricista e responsável pela Levandoski Engenharia, são necessárias algumas estruturas que se diferenciam de acordo com o objetivo de logística de uso desses equipamentos.
“Se o morador quiser ter o carregador exclusivo na vaga dele, sem depender do condomínio, esse ponto de alimentação do carregador precisa vir diretamente do apartamento dele. Assim, ele pode realizar o pagamento dessa energia de forma exclusiva. A partir do quadro elétrico do apartamento, é necessário criar uma infraestrutura de eletrocalhas ou de eletrodutos até a garagem”, detalha.
No entanto, se vários moradores forem utilizar o sistema de recarga e precisarem realizar uma ação conjunta no condomínio, o especialista cita as estações de carregamento inteligentes como a opção mais prática para possibilitar o uso de todos e fazer a separação do custo de energia de forma justa. Nessa modalidade, o condomínio é responsável pela instalação e tudo deve ser aprovado em uma votação em assembleia.
“Com essa estação, o condomínio pode fazer o cadastro das pessoas que desejam utilizá-la. O morador recebe uma tag, um cartão ou uma senha. Assim, quando o condômino for carregar, ele pluga a tomada no carro e faz a sua identificação com o método escolhido. O uso é feito conforme a necessidade do morador e, ao final do mês, o síndico tira um relatório com todas as informações de uso via software”, explica o engenheiro. Dessa forma, o morador recebe na própria taxa de condomínio um acréscimo referente ao consumo extra.
Em todos os casos, para instalar um carregador de carro elétrico em condomínios, é crucial verificar a capacidade elétrica do condomínio. O sistema deve atender à potência do carregador e às cargas previstas, com possíveis adaptações no fornecimento de energia e circuitos elétricos. Modelos atuais de carros elétricos suportam carregamento simples em tensões de 110V e 220V.
A exceção vai para condomínios que não tenham uma boa infraestrutura elétrica, seja por deterioração ou por tempo de uso. Levandoski alerta que é preciso ter quadros elétricos que forneçam dispositivos de segurança tanto para quem for fazer a instalação do equipamento quanto para quem for usar, além de um sistema de aterramento com laudo revisado. Assim, com todos os requisitos preenchidos e com o acompanhamento de um especialista, é possível modernizar o condomínio e atender às necessidades dos moradores, que se transformam a cada dia.