Fátima Galvão, especialista do Secovi-PR, indica medidas que podem ser tomadas pelos síndicos para promover a conscientização e a destinação correta para cada tipo de lixo

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Com o aumento do consumo, a geração de resíduos se torna uma infeliz consequência do crescimento populacional e das tendências de comportamento dos consumidores. O último relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) revela que a geração de resíduos sólidos urbanos pode crescer de 2,3 bilhões de toneladas em 2023 para 3,8 bilhões de toneladas até 2050. Os dados são alarmantes e, por isso, toda a sociedade precisa se mobilizar para combater as previsões. O setor condominial, por sua vez, não fica de fora, já que é um intermediário entre grande parte da população e as instituições que dão um destino ao lixo gerado.

Em colaboração aos objetivos sustentáveis, a responsabilidade ambiental se tornou um pilar fundamental na gestão condominial, com destaque para a separação eficiente, a coleta seletiva e a destinação correta dos materiais descartáveis gerados pelos moradores. Para Fátima Galvão, vice-presidente de Condomínios do Sindicato da Habitação e Condomínios (Secovi-PR), o principal desafio enfrentado na gestão de resíduos nos complexos habitacionais está diretamente relacionado à conscientização dos condôminos.

“Em geral, os condomínios possuem espaços para o descarte do lixo, mas depende sempre do cuidado dos moradores em fazer o descarte de forma correta. As latas devem ser separadas de papéis e vidros, assim como as embalagens plásticas. Os vidros, em especial, devem ser embalados com papelão grosso para impedir que, durante o manuseio do lixo, as pessoas se cortem. Caixas de leite lavadas podem ser utilizadas para esse fim”, recomenda.

O conceito da gestão inteligente de resíduos, muito debatido hoje em dia, envolve uma série de práticas e sistemas que visam maximizar a eficiência na separação dos materiais descartáveis, além de facilitar a coleta seletiva e contribuir para a eficiência do processo de reciclagem. Implementar soluções voltadas a esse objetivo não é apenas uma escolha ambientalmente responsável, mas também uma exigência cada vez maior da legislação ambiental e uma expectativa da comunidade como um todo.

Uma das primeiras medidas que podem ser tomadas é a disponibilização de sistemas facilitadores, como as lixeiras com cores ou placas de identificação específicas para diferentes tipos de materiais (plástico, papel, vidro, metal), facilitando a separação ainda na fonte. Já para os resíduos orgânicos, é possível elaborar um sistema de compostagem coletivo no condomínio, que alimente uma horta própria ou gere adubo para as plantas nas áreas comuns.

Para que as iniciativas funcionem, é essencial que os síndicos e administradores estejam engajados na conscientização dos moradores, promovendo campanhas educativas sobre a importância da redução do consumo, da separação correta dos materiais e da destinação adequada dos resíduos. “É importante manter sempre nos murais dos condomínios os cuidados com o descarte do lixo. Se tiver um sistema de tela eletrônica nos elevadores, é preciso manter mensagens atualizadas com relação aos cuidados básicos para a coleta do lixo”, adiciona a especialista.

A contribuição dos síndicos pode ir além, com a seleção de fornecedores responsáveis por cada tipo de lixo. A vice-presidente destaca que existem empresas que realizam a coleta de óleo de cozinha, dão a destinação correta ao material e, ainda, remuneram o condomínio conforme a quantidade recolhida. Esses serviços terceirizados são essenciais principalmente para os resíduos que não são coletados, reutilizados ou reciclados pelo sistema de coleta de cada município, como o lixo eletrônico, as pilhas e as baterias, por exemplo. 

Com a junção de todas essas medidas, os benefícios da aplicação de uma gestão inteligente vão além da conformidade com a legislação ambiental. Uma vez que a sustentabilidade é cada vez mais procurada pelos compradores, a iniciativa ainda valoriza o condomínio e os apartamentos, além de atrair moradores mais conscientes e responsáveis.