
Lidar com decisões, orçamentos e pessoas pode sobrecarregar quem ocupa a posição de administrar um condomínio
Prazos, orçamentos e conflitos entre moradores exigem do síndico não só conhecimento técnico, mas também inteligência emocional é uma habilidade central para tomar decisões sob pressão e gerenciar a convivência em condomínios.
“Se o síndico não tem experiência suficiente para lidar com a pressão, ele pode sentir-se ansioso facilmente”, reconhece Hercules Figueiró, da F&F Administradora de Condomínios. “O segundo problema diretamente relacionado à área é a sobrecarga de serviço, frequentemente decorrente da falta de experiência”, completa.
Competências como autocontrole, empatia, comunicação assertiva e tomada de decisão sob pressão — componentes da inteligência emocional — ajudam o síndico a priorizar demandas, resolver conflitos e manter a equipe e os moradores alinhados.
O especialista diz que vê esse profissional como um “polímata”, ou seja, alguém que precisa ter conhecimentos diversos. Isso porque, para que o condomínio funcione, várias áreas precisam “andar em paralelo”. “Em meio às demandas do dia a dia de manutenção e pagamento das contas, há também as melhorias planejadas ou em andamento, reclamações, infrações, entre outras”, justifica.
Autoridade sem perder a capacidade de diálogo
Para Hercules, a relação interpessoal com os moradores ainda está entre os maiores desafios do síndico. E isso fica ainda mais difícil quando ele é também um dos condôminos, reforça.
“Neste caso, a melhor forma de iniciar o mandato é não dar privilégios a ninguém e manter uma comunicação muito transparente. Assim, nos momentos em que houver necessidade de usar sua autoridade, o condômino entenderá que a ação é tomada pensando na coletividade e está totalmente embasada nas regras estabelecidas pela Convenção, Regimento Interno ou Legislação vigente”, explica.
É importante pontuar, segundo o especialista, que as críticas virão. Nesse momento, é preciso fazer uma autoanálise da gestão. Para isso, ele indica pesquisas de satisfação para entender como estão os resultados.
“Mas é importante ter a consciência de que em qualquer condomínio haverá pessoas com diferentes culturas, personalidades e humores. É impossível agradar a todos e sempre haverá conflitos entre os moradores. Eles não são parte da gestão do síndico, mas sim consequência da convivência entre eles”, salienta.
Profissionalização e suporte
Hercules acredita, ainda, que a profissionalização do cargo é a melhor ferramenta. “Neste sentido, entendo que mesmo o síndico condômino deve buscar se profissionalizar. Com isso, a bagagem adquirida com outros profissionais em cursos e palestras, com certeza, ajudará a prevenir esses problemas. Medidas como horário de atendimento definido, a possibilidade de delegar serviços e atendimentos a terceiros, tirar dias de folga ou até mesmo férias, possibilitam que a “bateria” seja recarregada e o trabalho seja bem feito, sem sobrecargas”, diz.
Além disso, é fundamental que o síndico tenha constante acompanhamento psicológico. “Por exemplo, na minha empresa, fornecemos rede de apoio psicológico e nutricional a todos os colaboradores, por entender que a nossa área de atuação é extremamente exigente”, finaliza.