Especialista aponta que a tecnologia pode impulsionar resultados na corretagem, mas que a empatia e o relacionamento humano seguem insubstituíveis na decisão de compra

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O avanço da inteligência artificial (IA) no setor imobiliário transformou a forma como os corretores atuam no mercado. Automatizações, antes vistas com certo receio, agora se incorporam à rotina com promessas de maior produtividade, agilidade e assertividade. No entanto, surge um novo desafio: como manter o atendimento humano, empático e personalizado diante de processos cada vez mais otimizados por máquinas?

Leonardo Baggio, diretor do Sindicato da Habitação e Condomínios (Secovi-PR), observa que a inteligência artificial representa uma revolução no setor. “Processos como triagem de leads, avaliação de imóveis, análise de crédito e até mesmo a geração de contratos estão sendo automatizados, o que aumenta a produtividade e reduz erros. Isso permite que o corretor dedique mais tempo às atividades estratégicas, como relacionamento e negociação”, afirma.

Para ele, existe um ponto de atenção no processo, que é a garantia de que a automação seja utilizada para somar e não para substituir a essência da corretagem, que é a confiança e a conexão com o cliente. O fator citado é essencial para manter o setor aquecido, com profissionais investindo na carreira da corretagem de imóveis e se especializando para aprimorar os conhecimentos da área e se atualizar em relação às novas demandas.

IA não substitui o humano

Embora os algoritmos avancem em precisão e agilidade, o especialista destaca que certas dimensões do atendimento permanecem inegociáveis e intrinsecamente humanas. “Decisões imobiliárias envolvem grandes valores financeiros e, muitas vezes, emoções profundas – como a compra do primeiro imóvel ou a escolha de um lar para a família. Nestes momentos, a sensibilidade humana é insubstituível”, conta. Ele reforça que interpretar expressões, perceber inseguranças sutis e adaptar a comunicação ao perfil emocional do cliente são capacidades que nem os sistemas mais sofisticados conseguem replicar.

Por isso, no dia a dia do corretor, é preciso encontrar um equilíbrio entre a automação e a personalização. O especialista explica que o segredo está em usar a tecnologia como suporte, e não como substituição, já que a IA deve servir como aliada na etapa analítica para permitir que o corretor tenha informações mais qualificadas sobre o cliente antes mesmo do primeiro contato.

Porém, certos riscos podem surgir com o uso desmedido das ferramentas. “Quando o cliente sente que está falando com uma máquina ou recebendo respostas genéricas, o vínculo de confiança pode se enfraquecer. Para evitar essa situação, é importante deixar claro quando uma interação é automatizada e garantir que haja sempre um canal de atendimento humano disponível”, sugere.

Dicas para aplicação na rotina

Aos corretores que desejam aproveitar os benefícios da tecnologia sem comprometer a essência da profissão, Baggio aconselha: “primeiramente, estudem a tecnologia – compreendam suas limitações e seus pontos fortes. Em segundo lugar, invistam no autoconhecimento e na inteligência emocional, pois essas qualidades serão cada vez mais o diferencial competitivo”.

Em diversos setores, a IA pode ser uma aliada poderosa, mas na corretagem de imóveis é indispensável que o corretor equilibre os dados e a empatia para ter eficiência, agilidade e, ao mesmo tempo, criar vínculos reais.