Modelo remoto nas portarias vem ganhando espaço dentro do mercado condominial, mas escolha precisa considerar as características de cada local
Dentro das administradoras de condomínio, a escolha pela portaria presencial ou remota é um debate comum. No mercado brasileiro, o segmento de segurança eletrônica, que inclui as portarias remotas, está crescendo e ganhando mais adeptos: segundo dados da Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança (Abese), o setor faturou aproximadamente R$ 11 bilhões em 2022, crescendo 18% na comparação com 2021.
Ainda de acordo com o levantamento, mais de 33,5 mil empresas atuam dentro do segmento de segurança eletrônica. Com expectativa de crescimento contínuo, a pesquisa apontou que 90% dessas indústrias pretendem ampliar investimentos e contratação de funcionários em 2023.
Mas o crescimento da segurança eletrônica e das portarias remotas não significa o fim da portaria presencial. A decisão por um modelo ou outro deve ser tomada individualmente por cada condomínio, levando em conta as necessidades coletivas dos condôminos, bem como questões de localização e segurança.
“Essa escolha depende das características individuais de cada condomínio. Existem condomínios que têm controles de acesso remoto e, para outros, isso não é recomendado, seja pela localização do imóvel, frequência de acesso ou tamanho do condomínio. O que irá ditar o melhor controle de acesso é uma análise presencial feita por um especialista em segurança”, explica o consultor de segurança pública e privada, coronel Roberson Bondaruk.
Além disso, os modelos presencial e remoto podem trabalhar em conjunto, atendendo às diferentes necessidades do condomínio. Mesmo com os avanços tecnológicos e serviços de segurança eletrônica, a figura do porteiro diariamente na guarita não deve sair da rotina de grande parte dos condomínios brasileiros.
“Vai depender muito do grupo de moradores em cada condomínio. As construtoras já têm esse perfil e vão continuar fazendo edificações tendo isso como base para elaboração da portaria. Os condomínios mais antigos certamente irão manter a portaria presencial, em contrapartida a condomínios mais novos, que tendem a preferir a portaria remota”, pontua o professor do curso de porteiro da Unihab e guarda municipal de Curitiba, Luiz Antônio Rubin.
Nos próximos anos, condomínios que utilizam o modelo de portaria presencial devem aumentar os investimentos em equipamentos de segurança eletrônica e na qualificação dos porteiros, profissão que já está demandando novas habilidades.
“O processo de aprendizagem do porteiro já está se modificando há uns 30 anos. Antigamente, a gente precisava de um porteiro que ao menos soubesse atender um telefone e mexer no interfone. Agora, a exigência padrão para ocupar a função de porteiro é a conclusão do ensino médio, além de conhecimento razoável de informática para trabalhar com softwares gráficos, de planilhas e textos e de uma boa relação interpessoal. Em alguns casos, é exigido até um segundo idioma”, complementa Rubin.
Seja presencial ou remota, a atenção é sempre na segurança!
Independente do modelo de portaria a ser escolhido pelo condomínio, os cuidados de segurança são fundamentais. A análise com especialistas de segurança pode ajudar a definir os principais investimentos e necessidades para garantir a segurança dos condôminos.
“Quando o condomínio tem uma comunidade que participa da segurança, todo o processo é beneficiado. Naturalmente, a presença estranha vai ser detectada com maior facilidade e os sistemas de segurança acabam ganhando mais performance. Em contrapartida, ações individuais como não fechar o portão ao entrar ou sair do condomínio ou convidar visitantes e questionar quando há cadastro dessa pessoa atrapalham o cumprimento desse grande objetivo”, explica Bondaruk.
O consultor cita como possíveis focos de investimentos em segurança eletrônica as câmeras de segurança, cercas eletrificadas, sistemas de iluminação por movimento, sistemas de alarme e até vigilância feitas por drones e controles de presença por infravermelho. Todos esses recursos precisam ser analisados em conjunto pelos condôminos, administradores e especialistas, garantindo o melhor aparato para cada contexto.
“Também é importante frisar que a segurança presencial feita por vigias ou vigilantes sempre vai ser direta ou indiretamente necessária, de acordo com as individualidades de cada condomínio. A segurança eletrônica limita em certos aspectos a necessidade desses profissionais, mas em diversos casos a segurança presencial vai seguir sendo necessária, mesmo com a presença de sistemas digitais”, finaliza Bondaruk.