A combinação de inadimplências, despesas fixas e gastos eventuais torna o equilíbrio financeiro dos condomínios um desafio para síndicos e administradoras

O planejamento e o controle de gastos são os pontos iniciais para o equilíbrio financeiro tanto de pessoas físicas quanto de grandes negócios. Nos condomínios, a logística não é diferente. A inadimplência, as despesas fixas e os gastos eventuais podem tornar o gerenciamento financeiro de complexos habitacionais um desafio para síndicos e administradoras. No entanto, cumprir essa tarefa é indispensável para manter a saúde financeira dos condomínios enquanto empresas.

Para Gilmar Sielsk, sócio-diretor da Dominus Administradora de Condomínios, entre os principais desafios financeiros que um síndico ou administradora podem enfrentar na gestão de um condomínio estão a falta de recursos, a inadimplência e o desinteresse dos condôminos. “Recursos escassos podem ocasionar a falta da manutenção no momento previsto e problemas trabalhistas, ou seja, elevar ainda mais as despesas a serem cobradas dos condôminos”, pontua.

A inadimplência citada por ele é uma preocupação central. Sielsk sugere que as ações se iniciem com os avisos individuais e conversas diretas com os condôminos devedores. Caso essas medidas não surtam efeito, ele recomenda a utilização de mecanismos como a Câmara de Arbitragem e até a contratação de um advogado para ações de cobrança judicial. O especialista compartilha, ainda, que recentemente alguns condomínios têm optado por transformar seus boletos em títulos executáveis, uma estratégia que pode aumentar a eficiência na cobrança.

Com todos os fatores levantados, na hora de elaborar o orçamento anual, ele enfatiza a importância de considerar o fluxo do exercício anterior, as particularidades de cada condomínio e a variação do índice de correção. “Cada condomínio deve ser analisado individualmente, porque as despesas são diferentes de um para outro. Atualmente, notamos elevação em seguros por conta da variação climática e podemos considerar reforçar a parte trabalhista com ausências de funcionários e o elevado turnover“, observa.

Além disso, despesas inesperadas, como roubos de equipamentos e danos hidráulicos ou elétricos, podem abalar a saúde financeira de um condomínio. Nesses casos, o profissional recomenda que no Regimento Interno sejam estabelecidos limites de gastos para situações emergenciais. Alguns condomínios determinam, inclusive, um valor para uso do síndico e uma valor maior para uso do conselho com despesas extras, pois isso garante maior agilidade na tomada de decisão para resolução do problema enfrentado.

Em todo o processo que envolve o aspecto financeiro do condomínio, a transparência é essencial para manter a confiança entre administradores e condôminos. “A prestação de contas mensal deve ser verificada e auditada pelo Conselho Fiscal, que seja de preferência atuante e crítico. É importante elaborar comunicações rápidas sobre ações realizadas e as que irão ocorrer, tendo um amplo canal de comunicação, e com interesse em ajudar a solucionar e esclarecer dúvidas dos condôminos, mesmo naquilo que não seja responsabilidade dos administradores”, sugere.

Para os novos profissionais da área, o especialista oferece conselhos valiosos: “a leitura completa e minuciosa da Convenção e do Regimento Interno é fundamental para entender as limitações de ações e se já não há uma base pré-estabelecida”. Além disso, ele ressalta que o planejamento deve ser preparado com atenção, enquanto a inadimplência deve ser combatida continuamente e com cuidado em relação à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e atitudes inapropriadas dentro do condomínio.